Escolas encaram desafios comuns
Judy Nemésio,
Bianca Moura,
Nathália Amado,
2º, 5º e 3º períodos
As escolas públicas localizadas na Região Nordeste de Belo Horizonte e que foram visitadas pelo MARCO apresentam contrastes, embora a maioria tenha em comum a inadequação física, em função de estarem sediadas em edificações antigas e desgastadas pelo tempo. Além disso, algumas dessas instituições sofrem com a carência de profissionais capacitados. Esses dois fatores – falta de espaço e de recursos humanos –, afeta o atendimento.
É o caso, por exemplo, da Escola Estadual Professor Antônio José Ribeiro Filho, que espera há muito tempo que sua planilha de reformas seja atendida pelo Governo do Estado. Em função disso, ela mantém os portões fechados, e oferece pouco espaço para os alunos. Essa situação é diferente da encontrada na Escola Municipal Josefina Souza Lima, onde os portões permanecem abertos todo o tempo e há profissionais preparados para cuidar da segurança, tanto do estabelecimento quanto dos alunos.
As escolas sofrem com a falta de recursos para a promoção de projetos que melhorem o aprendizado e desenvolvimento dos alunos. A Secretaria Estadual de Educação, por meio de sua assessoria de comunicação social, revela que trabalha para que as deficiências sejam amenizadas, no entanto, confirma que há grandes passos a serem dados.Outro fator que preocupa os diretores das instituições públicas de ensino da Região Nordeste é a violência. De acordo com alguns professores, é preciso sempre estar atento pois, muitos alunos sofrem influência direta do tráfico de drogas. Além disso, por ser uma região carente muitos pais não podem acompanhar o aprendizado de seus filhos sem intermediários, o que segundo os profissionais de educação afeta os estudos das crianças.
Escola Estadual Adalberto Ferraz pede mais recursos
Localizada à Rua Operário Silva, a Escola Estadual Adalberto Ferraz atende cerca de 500 alunos do ensino fundamental, entre seis e 14 anos, nos turnos da manhã e tarde. Há três anos a instituição passou por uma reforma geral, quando foram instalados equipamentos necessários ao atendimento dos critérios de acessibilidade.
A supervisora pedagógica Maria da Conceição afirma que a escola se esforça para suprir as necessidades dos alunos. O espaço conta com sala de informática e biblioteca, além de quadra de esportes e refeitório. Segundo ela, todas as dependências são usadas pelos alunos, mas há necessidade de um aumento no número de profissionais de limpeza.
“Atualmente contamos com apenas quatro funcionários, dois de limpeza e outros dois na cozinha, o que nem sempre garante que as instalações como os banheiros fiquem sempre limpos para o uso”, afirma.
Maria Auxiliadora Gomes da Silva, trabalha há cinco anos na escola como professora e, atualmente, é a responsável pela biblioteca. Segundo ela, a escola precisa de maior número de profissionais para atender à demanda. Para a professora, apesar de estar localizada numa região carente o rendimento dos alunos está melhorando. “Só tiro A e B”, conta o aluno Bernardo Augusto Roberto Nogueira, de 10 anos. “Estou aqui há dois anos e gosto de estudar aqui porque é legal”, acrescenta.
“Estamos avançando, mas como professores sempre achamos que é possível melhorar um pouco mais”, observa Auxiliadora Gomes. Nem todas as necessidades são supridas pela escola, uma vez que o Estado não disponibiliza alguns recursos que poderiam auxiliar o trabalho dos professores. “A escola supre as necessidades na medida do possível. O estado não coloca à disposição dos estudantes, por exemplo, psicólogos e fonoaudiólogos. A escola faz o encaminhamento de alguns alunos, mas nem sempre isso se efetiva”, afirma Maria da Conceição.
De acordo o assessor de comunicação da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, Luiz Navarro, a Escola Estadual Adalberto Ferraz possui atividades em tempo integral, como reforço escolar, e conta com quatro professores capacitados para atender alunos com necessidades especiais, em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e em educação física especial.
Famílias participam pouco em instituição no São Gabriel
A Escola Estadual Professor Antônio José Ribeiro Filho, no Bairro São Gabriel, nasceu na época das chamadas “escolas combinadas”, em que os alunos se reuniam em galpões de igrejas para aprender. No decorrer dos anos houve mudanças na estrutura física e administrativa da escola. Hoje, ela possui 72 funcionários, 1 mil alunos e funciona de 7h às 17h15, com oferta de ensinos fundamental I e II.
Para atender às necessidades dos alunos e vencer os constantes problemas de aprendizagem, a escola conta com vários projetos implementados pelo corpo de professores. Incentivo à leitura, orientação alimentar e educação no trânsito são alguns deles, comandados pelos professores Marlene Alves Coelho Carrato e Wilson Ribeiro. “Esses projetos têm efetiva participação dos alunos e proporcionam aulas mais atrativas e dinâmicas”, diz Marlene.
O principal problema, de acordo com Marlene, é a falta de participação de alguns pais na vida escolar dos filhos. Há também problemas estruturais, como a falta de cobertura da quadra de esportes e o pouco espaço para desenvolver as atividades, dificultando o trabalho pedagógico. Mas há também quem participe da vida escolar dos filhos. A dona de casa Marilene Condessa diz que colocou as filhas nesta escola porque acredita que a disciplina é boa e os alunos saem preparados para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Minhas duas filhas estudam aqui, no 7º e 8º ano, sempre acompanho o desenvolvimento escolar delas, gosto do modo como os professores ensinam e mantém a disciplina”, diz.
Para a diretora Alcione Maria de Oliveira, a escola é uma das que acreditam nos projetos de inclusão como importante fator para a promoção da educação, mas aponta que recebe poucos incentivos do governo para isso. Segundo ela, a escola se mantém com a verba de manutenção e custeio e com o dinheiro da merenda (caixa escolar) e o PDDE, (dinheiro direto na escola) fornecido pelo MEC.
A Secretaria Estadual de Ensino, por meio da assessoria reconhece os problemas enfrentados e informou que a planilha com o projeto de reforma da instituição se encontra em fase de aprovação.
Ação inclusive e atendimento integral entre os diferenciais
A Escola Municipal Josefina Souza Lima, localizada no Bairro Minaslândia, atende a cerca de 800 alunos. Nos turnos da manhã e da tarde são estudantes do 1º ao 5º ano, além de receber duas salas de educação infantil. Já à noite o público é formado por alunos de Educação para Jovens e Adultos (EJA).
A escola é dirigida por Rogério Luiz Fernandes e completou 40 anos de atividades em 2010. Em meio aos festejos, a escola comemorou inovações, como o atendimento de ação inclusiva que atende a alunos e possui em seu quadro de funcionários efetivos uma professora com deficiência visual com seu trabalho reconhecido e valorizado devido sua interação com as turmas.
Outro destaque da escola é o atendimento em tempo integral. Pela manhã, os alunos frequentam o ensino regular, e à tarde têm oficina de artes, formação e brincadeiras. Aos finais de semana, sábado e domingo a escola continua de portas abertas para atender a comunidade com oficinas e palestras de informação sobre combate a violência. Mas, segundo a professora e coordenadora do turno da manhã, Davla Guimarães, ainda há muita coisa que necessita de mais atenção por parte das autoridades. “A política de ação inclusiva ainda é tímida para forçar uma situação de qualidade”, declara.
Apesar do fomento do governo municipal, falta efetiva fiscalização e o intuito de fazer ligação da escola semanal com as atividades de fins de semana ainda não aconteceu. Faltam profissionais comprometidos com o trabalho, os responsáveis pelos finais de semana, muitas vezes não comparecem às atividades e alguns alunos acabam danificando a estrutura física das escola.
Outro problema é a falta estrutura para atender aos cadeirantes que possuem certas demandas que precisam ser atendidas. Precisam de acesso fácil a biblioteca e banheiros adequados para devida utilização. Mesmo com essas deficiências há pais que dispensam vagas nas escolas estaduais e preferem entrar na fila de espera para matricular seus filhos ali.
Maria Aparecida Guedes Arcanjo, moradora do bairro, diz que havia uma escola estadual mais próxima à sua casa, mas preferiu matricular sua filha Gabriele Arcanjo em uma escola municipal, um pouco mais distante. “Procurei a escola, porque o espaço é mais limpo e organizado e por oferecer uma educação continuada nos finais de semana, com reforço escolar, brincadeiras e oficinas de formações humanas”, explica.
A escola possui outra atribuição que a diferencia das demais: os meninos com problemas de aprendizagem devido a alguma deficiência são encaminhados a postos de saúde ou a outras unidades de ensino, em horário especial, que possuem profissionais treinados para auxiliá-los.
(Hipermarco por Juliana/Raissa)